As dores no ombro são a segunda causa de consulta a ortopedistas, ficando somente atrás das dores lombares. No ombro encontra-se a inserção de um grupo de músculos (que ao se aproximarem do osso são chamados de tendões), conhecido como manguito rotador. Esses músculos formam uma espécie de capuz que recobre a cabeça do úmero, sendo formado pelos tendões do supraespinhal, infraespinhal, subescapular e redondo menor.
A síndrome do ombro doloroso consiste em um conjunto de sinais e sintomas relacionados à dor no ombro em diversas situações. Essa é uma doença que não escolhe sexo, condição social ou mesmo idade. Inicia-se com um processo inflamatório (tendinite), podendo evoluir para um rompimento.
Causas/ Etiologia
As causas são variadas, dentre as quais podemos citar encurtamento muscular, falhas posturais, de alongamento e alterações no formato do osso da escápula (antigamente chamado de omoplata). Projeções ósseas sobre os tendões do ombro podem causar inflamação, desgaste e até mesmo ruptura.
Atividades profissionais que exigem movimentos repetitivos acima do nível do ombro como pintores, cabeleireiros, trabalhadores braçais, comumente são afetados. A prática de esportes considerados de arremesso como natação (sim, ela é considerada um esporte de arremesso), tênis, vôlei, basquete, handebol podem levar a dores contínuas no ombro, principalmente em pessoas que praticam o esporte de há bastante tempo.
Ultimamente têm sido relacionados outros fatores como o diabetes e principalmente o TABAGISMO, como fatores desencadeantes, devido a alterações nos vasos que irrigam os tendões do ombro.
Atualmente desenvolvemos um projeto de pesquisa, dentro da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) com o intuito de melhor entender o que causa essa lesão, bem como estabelecer uma contribuição genética na origem da doença.
Sintomas/ Quadro clínico
Mais de 90% das lesões dos tendões do ombro afetam o tendão denominado supraespinhal, que por sua localização é mais sujeito a impactos contra osso da escápula, além de se localizarem em região com menor suprimento sanguíneo.
A dor normalmente é vaga, pode irradiar para o pescoço e braço, aumenta com movimentos de repetição, principalmente com braços elevados. Um fato importante é que ela fica mais intensa à noite após a pessoa estar deitada, independente da posição.
Entre 40 e 50 anos as tendinites ocorrem por tendinoses (desgaste do tendão), que são cicatrizes de tendinites anteriores. A dor é ocasionada pela inflamação de uma espécie de lubrificante existente no ombro, conhecido popularmente por bursite. Inicialmente o tratamento é o não cirúrgico por meio de medicamentos e fisioterapia. Se não houver melhora entre três e seis meses, é indicado do tratamento cirúrgico.
Acima dos 50 anos é maior a incidência de rompimentos parciais ou totais do tendão. Os rompimentos dos tendões podem causar no futuro consequências graves como perda de força, limitação dos movimentos e a artrose consequente à lesão do manguito rotador.
Tratamento
O tratamento cirúrgico antigamente era realizado de maneira aberta, com incisões em torno de 10 centímetros no ombro. Os resultados desse procedimento eram considerados bons, entretanto a dor e agressão do procedimento cirúrgico eram grandes.
A artroscopia é a intervenção cirúrgica mais utilizada nos dias atuais. Trata-se de um procedimento minimamente invasivo promovendo um pós-operatório menos doloroso e que por meio de três a quatro incisões de cerca de meio centímetro é possível realizar o reparo dos tendões, remover esporões ósseos e as inflamações (bursites).
Após o procedimento o tempo de internação normalmente não supera um dia.
Tão importante quanto a cirurgia é a sua reabilitação. O uso de tipóia é necessário pelo período de três a seis semanas, dependendo do tamanho da lesão. O trabalho fisioterápico deve ser religiosamente respeitado para se ter um resultado satisfatório.
Aprender a realizar movimentos de maneira adequada, bem como ter o hábito de aquecimento e alongamento é crucial para evitar a recidiva das lesões.